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domingo, agosto 25, 2013

A última palavra nada é perto de um novo beijo. A ÚLTIMA PALAVRA de Carpinejar.



 


Quando Mariela anunciou que iria pegar suas coisas, Everton rasgou em pedacinhos o cartão que contava a história do casal. Esfacelou como um pão.

O cartão descrevia como eles se conheceram, narrava os melhores momentos de seis anos juntos, apontava as expressões que somente os dois conheciam e que formavam um dialeto engraçado e comovente. Era o cartão de todos os cartões. Uma aliança de papel.

Tinha o tamanho de um cartaz. Para não ter mesmo lugar para guardar. Para repousar nas prateleiras como um porta-retratos, para ser exibido entre os vasos como um quadro, para surgir entre os objetos de estimação como uma escultura viva.

Homem de poucas frases, que nunca escrevia, Everton superou seu laconismo e resolveu o atrasado da linguagem em longo testamento.

Pediu até para uma amiga professora de Português corrigir, não querendo passar vergonha com erros de ortografia.

As rosas que acompanhavam o texto secaram em uma semana, o que ficou foi a letra dele. Pois o cartão sempre será a pétala que não murcha, mais importante do que o buquê porque é a memória do buquê.

Possuído pela fúria, Éverton sequer pensou duas vezes. Esfarinhou a homenagem em suas mãos. Chorou o que podia com os cortes violentos das margens. Os dedos, afiados em tesoura, desfiguraram o conjunto. Com o pedido de separação, buscou se vingar destruindo sua declaração de amor. Sua única declaração de amor.

Depois do vandalismo, ligou para Mariela:

– Venha pegar suas roupas, mas saiba que rasguei o cartão que lhe dei.

– O cartão era meu, não podia ter acabado com ele.

– Você acabou comigo, o que adianta o cartão?

– Não fala desse jeito. Onde ele está?

– Está no lixo.

– Vai lá e recolhe os pedaços.

– Nunca. Nunca mais me abro para nenhuma mulher.

Éverton desapareceu de casa por uma semana, a fim de deixá-la livre a separar e encaixotar seus pertences.

Ao regressar, surpreendeu-se com o cartão que havia rasgado em cima dos travesseiros.

Todo colado. Todo remontado. Um trabalho de recorte e cole tão imenso quando o dele de escrever.

O cartão lembrava o vitral de igreja que se casaram, com os retângulos formando as imagens da caligrafia.

Estava ainda mais bonito. Mais iluminado.

Ele esqueceu o boicote e telefonou para Mariela:

– Qual o sentido de recuperar o cartão? – perguntou.

– E você ainda acha que a gente não tem conserto?

Com o gesto absolutamente esperançoso, eles se prenderam um ao outro.

A última palavra nada é perto de um novo beijo.




Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Revista Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 25/08/2013 Edição N° 17533

Juntos podemos levar o Brasil a um novo patamar e reformar o nosso sistema político.


Obrigado por participar desta campanha -- juntos podemos levar o Brasil a um novo patamar e reformar o nosso sistema político.

Envie o email abaixo para seus amigos e familiares, e publique este link no seu mural do Facebook.

http://www.avaaz.org/po/brasil_eleicoes_limpas_lkcd/?tGZDnfb

Obrigado mais uma vez pela sua ajuda,

A equipe da Avaaz


PS - Muitas das campanhas da Avaaz foram criadas pelos membros da nossa comunidade! Crie sua própria petição e alcance a vitória sobre qualquer questão, seja ela local, nacional ou global: http://www.avaaz.org/po/petition/start_a_petition/?bgMYedb&v=23918


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Caros amigos do Brasil,

Nós brasileiros esperamos bastante até que o caso do Mensalão chegasse ao Supremo Tribunal Federal e acompanhamos diariamente casos como o Mensalão Mineiro, Tremsalão e outros chegarem aos nossos olhos. Histórias assim são difíceis de engolir – grande exemplo da ganância e presunção dos nossos representantes! – e estão nas mãos da Justiça. Agora, está em nossas mãos uma oportunidade única para acabar com a corrupção nas eleições de uma vez por todas.

Nesta quarta-feira, o MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) irá até a Câmara dos Deputados pressionar por uma nova reforma que tiraria o dinheiro de grandes empresas da nossa política de uma vez por todas e daria aos eleitores mais voz sobre quem nos representa. Essa pode ser a continuação da Ficha Limpa! Mais de cem deputados vão se reunir para analisar a proposta “Eleições Limpas” neste dia e, se como cidadãos nos unirmos e apoiarmos o texto, o movimento acredita que podemos forçar uma votação até o mês que vem.

No passado, nos disseram que a Ficha Limpa era algo impossível, mas mostramos que eles estavam errados. Vamos provar mais uma vez que eles estão errados e conseguir 1 milhão de assinaturas para apoiar a proposta "Eleições Limpas" e continuar a marcha pela democracia que queremos no Brasil. Temos pouco tempo para mostrar aos deputados nosso apoio a esta proposta -- vamos assinar e espalhar para todos:

http://www.avaaz.org/po/brasil_eleicoes_limpas_lkcd/?tGZDnfb

Os brasileiros nas ruas de norte a sul estão exigindo uma democracia mais representativa e participativa, que leve em conta nossas necessidades básicas e as preocupações do povo. A proposta "Eleições Limpas" dá ao povo mais poder para decidir o rumo das nossas eleições desta forma:

1. Votar em uma ideia, não em uma personalidade. Atualmente, a maioria dos nossos poíticos não são eleitos por causa de suas ideias, mas porque eles têm fama e um nome reconhecido. Um exemplo é o Tiririca, que recebeu mais de 1 milhão de votos usando o bordão "Pior do que tá não fica!". Um novo sistema organizaria as eleições em duas rodadas de votação: primeiro votaríamos em programas e políticas específicas, e depois nos candidatos. Dessa maneira, os partidos serão obrigados a atrair os eleitores com a força de suas ideias, e não com o uso de celebridades ou artimanhas da propaganda eleitoral.

2. Eleições Realmente Populares. No sistema de hoje, os mais ricos e os mais poderosos geralmente conseguem aprovar as leis que querem, porque financiam as campanhas políticas e, em retorno, são beneficiados com políticas e contratos que enchem seus próprios bolsos. O financiamento público de campanhas e o financiamento por pequenas doações feitas por pessoas físicas vai permitir que os candidatos honestos entrem na jogada e participem da corrida eleitoral sem precisar andar de mãos dadas com ricos financiadores. Vamos imaginar por um momento: e se nossos representantes prestassem contas a quem os elegeu e não aos ricos doadores de sua campanha?

3. Liberdade de Expressão. Quando se trata de eleições, o Brasil do século XXI possui leis restritivas do século passado que limitam a nossa liberdade de expressão em momentos importantes antes das eleições de fato, e que permitem, por exemplo, multar jornalistas, blogueiros ou críticos que escrevem qualquer coisa que potencialmente "ofenda a dignidade ou a honra" dos candidatos! Nossa democracia ainda jovem precisa de MAIS discussão política, não menos, e as pessoas que participam da corrida eleitoral por um cargo público para nos representar devem abraçar essas questões e ouvir a opinião do seu eleitorado.

Precisamos agir rápido e dar a este projeto uma chance. Os interessados em manter o status quo estão mais do que felizes em desviar nossa atenção com “reformas” ruins, mas se nós lutarmos por uma reforma profunda, podemos direcionar a mesma energia das ruas para uma mudança real e tangível. Vamos todos assinar e compartilhar esta campanha e, na quarta-feira, mostrar aos deputados o que entendemos como verdadeira reforma. Cada assinatura que coletarmos será contabilizada como uma das assinaturas necessárias para apresentar a proposta como lei de iniciativa popular no Congresso:

http://www.avaaz.org/po/brasil_eleicoes_limpas_lkcd/?tGZDnfb

A história está caminhando rápido em nosso enorme país: um lugar bonito, confuso e diversificado. O trabalho necessário para fazer dele um lugar melhor, mais igual e mais justo não será fácil. Mas a comunidade da Avaaz já enfrentou grandes desafios em todo o mundo e sabe que uma vitória não é algo fora do nosso alcance. Juntos, vamos trazer o nosso país para um novo século e uma nova democracia.

Com esperança e determinação,
Hermínio Mino

Filtro de Barro Brasileiro é o mais Eficiente do Mundo

Objeto comum em muitos lares brasileiros, o filtro de barro pode até ser um antigo morador, mas ainda dá conta do recado. Estudos publicados no livro “The Drinking Water Book” de Colin Ingram apontam que o filtro tradicional de barro, com câmara de filtragem de cerâmica é bastante eficiente na retenção de cloro, pesticidas, ferro e alumínio. Além de também reter 95% do chumbo e 99% do parasita Criptosporidiose, espécie causadora de diarreias e dor abdominal. 

A eficiência na retenção de impurezas se deve a forma como o filtro faz a passagem de água impura para filtrada. A filtragem por gravidade, em que a água lentamente passa pela vela e goteja num reservatório inferior, garante que micro-organismos e sedimentos não desçam. Exatamente como funciona o filtro de barro.
Em contrapartida, quando a água sofre uma pressão de passagem, tais como o fluxo da água da torneira ou tubulação, o processo de filtragem fica prejudicado, já que a pressão faz com que micro-organismos e sedimentos passem pelo sistema e cheguem ao copo das pessoas. A pesquisa também revela que muitas tecnologias lançadas para novos filtros não têm tanta utilidade, pois em geral não impedem que elementos perigosos como flúor e arsênio passem pela filtragem.
Pelo visto, a aposentadoria do filtro de barro ainda está longe. O enfermeiro Maique Pelanda gostou tanto da pesquisa que se prontificou a comprar um para a sua casa. Já a gestora ambiental Adrielly Silveira Lima garante que para ela a pesquisa não é novidade. “Sempre disse ao pessoal da minha casa que o filtro de barro era o melhor, agora está comprovado cientificamente!”
Limpeza - Mesmo com tanta eficiência, o filtro de barro exige cuidados básicos e simples. A vela deve ser limpa a cada três meses, ou antes disso, caso esteja amarelada ou esverdeada. Não é recomendada a utilização de produtos para a limpeza da vela, basta água corrente e uma esponja nova e limpa.

Saiba mais:
Sistema de filtragem: com minerais
Objetivo: reter impurezas, como limo, lodo e ferrugem
Como funciona: o processo é físico. Alguns minerais, como o quartzo e a dolomita, dispostos em camadas, formam uma espécie de peneira. Quando a água passa por eles, as impurezas ficam ali retidas.

sábado, agosto 24, 2013

Problemas com pesticidas na Amazônia

Problemas com pesticidas na Amazônia

À medida que a população mundial aumenta e as fronteiras agrícolas se expandem para os habitats tropicais nativos, pesquisadores estão trabalhando arduamente para entender os impactos nas florestas tropicais e na biodiversidade global. Mas um impacto óbvio foi pouco estudado nessas fronteiras agrícolas: pesticidas. Contudo, um novo estudo publicado no periódico Philosophical Transactions of The Royal Society B procura colocar uma luz no fim do túnel.
A reportagem é de Adam Andru, publicada pelo portal Mongabay,  e reproduzida por amazonia.org.br, 22-08-2013
Mudanças intensivas na terra em muitas partes da Amazônia brasileira estão expondo grandes números de espécies a pesticidas com impactos desconhecidos, de acordo com Luis Schiesari, da Universidade de São Paulo, e sua equipe de pesquisadores.
“Pesticidas são produtos deliberadamente criados para reduzir o crescimento, desenvolvimento, reprodução e sobrevivência de organismos, e, portanto, têm uma gama potencialmente grande de efeitos letais e subletais de preocupação”, falou Schiesari ao mongabay.com.
Regiões de florestas tropicais como a Amazônia não apenas têm mais espécies a serem perdidas em termos absolutos, mas também contêm mais espécies sensíveis, vulneráveis e endêmicas que provavelmente são ameaçadas tanto pelo uso de pesticidas como pela expansão de terras agrícolas.
O uso excessivo de pesticidas é predominantemente, mas não inteiramente, atribuído a pequenos produtores agrícolas cuja principal renda é baseada na produção total e na qualidade da produção agrícola, de acordo com os pesquisadores. Por outro lado, fazendas corporativas estão sob o olhar público e são mais propensas a obedecer a regulamentações estabelecidas por organizações governamentais.
O uso excessivo de pesticidas pode muito bem ser um produto de níveis de educação limitados ou baixos em relação a produtos químicos.
“Acredito que qualquer educação, suporte técnico ou transferência de tecnologia que ajudasse pequenos agricultores a aumentar a produção e a renda, minimizar perdas e proteger a saúde seria bem-vindo”, disse Schiesari.
“O uso apropriado de pesticidas pode contribuir para qualquer desses tópicos, e é uma das práticas mais tecnicamente desafiadoras de manejo de terras: por exemplo, grãos de feijão são, sozinhos, responsáveis por 400 formulações de pesticidas que contêm 137 ingredientes ativos no Brasil. Decidir qual deles usar, quando, como e quanto é um desafio técnico considerável.”
Schiezari e seu grupo também argumentam que onde o alcance e o controle governamental são limitados, a pressão de mercado pode ser direta ou indiretamente importante na conservação da biodiversidade. Entretanto, isso pode ser enganador.
Por exemplo, quando analisada uma plantação em grande escala de soja onde as regulamentações são altas, houve uma tendência de diminuição gradual na toxidade total dos mamíferos e humanos e uma tendência crescente na toxidade de espécies de água doce.
Pesticidas selecionados criados especificamente para proteger mamíferos não garantem a proteção de organismos aquáticos, segundo a pesquisa de Schiesari. Além disso, “uma das primeiras e mais penetrantes mudanças nos sistemas de água doce que acompanha a conversão de terras é o represamento. Produtores constroem pequenas barragens para conceder acesso ao gado para a água, para gerar energia hidrelétrica e para armazenar reservas com peixes.”
Como no caso da expansão agrícola para florestas tropicais onde a terra é abundante, prontamente apropriada e barata, é comum que os incentivos econômicos compensem a conservação e a saúde geral das espécies circundantes.
Pequenos produtores agrícolas, por exemplo, fazem seu salário baseados na quantidade de rendimento de suas terras de fronteira. Essa ênfase na quantidade em relação à qualidade da estrutura agrícola leva ao ocasional uso excessivo de pesticidas para assegurar a integridade da colheita, assim como o desejo de expandir a propriedade em florestas tropicais intocadas.
A infiltração de habitats tropicais para as terras agrícolas fronteiriças é prejudicial para a biodiversidade e integridade da Amazônia brasileira, especialmente quando o uso de pesticidas não é regulamentado e há falta de manejo de terra.
“Há uma necessidade ampla de mitigação do risco de pesticidas em todas as escalas de produção. Isso só pode ser atingido através do compartilhamento de responsabilidades e o envolvimento de uma grande diversidade de interessados”, declarou Schiesari no relatório de sua pesquisa.
Melhores práticas de manejo de terra e regulamentações são necessárias se buscamos práticas mais sustentáveis de agricultura que incluem proteções para biodiversidade, de acordo com o estudo. Mas isso não é apenas um trabalho para governos.
“Consumidores podem ter um efeito significativo na conservação da biodiversidade em cenários agrícolas ao comprarem comida de produtores que manejam terra de formas ambientalmente responsáveis – tanto de sistemas de produção convencionais quanto orgânicos”, observou Schiesari.
Citação: Schiesari L, Waichman A, Brock T, Adams C, Grillitsch B. 2013 Pesticide use and biodiversity conservation in the Amazonian agricultural frontier. PhilTrans R Soc B 368: 20120378.